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terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Sofrimento - Parte II: Tensão

por Tiago Lacerda

Este conjunto de reflexões acerca do sofrimento tem uma raiz muito certa, a vida. Esta sempre entendida como algo que não se pode contrariar, ou que deve-se afastar o sofrimento e dor a todo custo pois a beleza de estar aqui neste mundo é viver os prazeres e fugir o máximo da dor. Toda esta forma de perceber a vida faz parte de nossa educação. E com a citação que terminei a parte I, inicio esta: "paulatinamente esclareceu-se para mim, a mais comum deficiência de nosso tipo de formação e educação: ninguém aprende, ninguém aspira, ninguém ensina, a suportar a solidão". Esta citação encontra-se no livro Aurora de Nietzsche no parágrafo 443. Eu gostaria de refletir sobre isto neste pequeno texto. Vivemos o que aprendemos. Somos fruto do nosso processo de socialização e este é fruto de valores sociais, morais estabelecidos em nossa época e sociedade. Aprender que com a solidão e o sofrimento podemos ser mais fortes não soa bem, ou melhor, soa com um tom de cristianismo, de evangelização que quer justificar a dor para uma conduta direcionada à vida possível (segundo o cristianismo) eterna. Mas aqui gostaria de deixar de lado esta reflexão religiosa ao passo que penso até que ponto conseguimos fazer isso. O sofrimento, a dor, longe de ser uma justificação religiosa para a vida e desgraças vividas é uma oportunidade de crescer, de emitir um som diferente. Como assim? Para o filósofo Heráclito de Éfeso (séc. VI – V a.C.) o devir ao qual tudo está destinado caracteriza-se pela passagem de um contrário ao outro: as coisas quentes se resfriam, as úmidas secam, as secas tornam-se úmidas, o jovem envelhece e o vivo morre. Há, portanto, uma guerra perpétua entre os contrários.
O que podemos perceber é que o fixo, o imóvel, a comodidade de vida não está sendo contemplada nesta guerra e, no entanto, esta comodidade é a mais querida entre muitos. O filósofo a partir da condição humana permeada pelas mudanças não agrega juízos de valores, mas percebe que a vida é um constante movimento e que simplesmente viva, segue seu rumo. Quando pensamos a “harmonia do arco e da lira” – respectivamente, arma e instrumento musical muito conhecidos na Grécia, podemos concluir que, um arco só é preciso e uma lira só é afinada quando as suas cordas estão tensas, pressionadas pelos dois extremos que as sustentam, esta tensão, é o que possibilita a finalidade de cada um destes instrumentos. Assim concluo que podemos aprender sempre. Se os conceitos que temos se petrificam impossibilitando a vida de seguir seu rumo, pense. A solidão é um lugar privilegiado para este exercício. E neste momento, ser solitário, não significa querer está longe de todos e abandonado, mas estar consigo mesmo e perceber que a vida é repleta de tensões que nos ajudam a soar o mais belo som da nossa existência e a perceber que quando nos aproximamos de nós mesmos, temos em mãos a possibilidade de nos tornar artistas de nossa própria vida, artesãos de nosso próprio “eu” que vive fugindo de si mesmo, deste momento oportuno de se conhecer para “viver”.

5 comentários:

  1. Olá, meu irmão em Cristo!!!
    O sofrimento tem o grande poder de restaurar o nosso coração... como pode???
    Porque Deus vence a dor...
    Que rosa linda nasce no meio à pedra...
    Belo ensinamento!!!
    O post todo reflete o seu crescimento espiritual... fruto de várias dores, na certa...
    Estou com uma Série Comemorativa pelos 3 anos de Blog e te espero por lá, com carinho fraterno...
    Deus te cubra de MUITAS bênçãos e te faça MUITO feliz!!!
    Bjs festivos de paz

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  2. É sim meu caro.A vida é um melhor "PRESENTE" que podemos ganhar! Com ela vem varias surpresas e dimensões, onde apenas os fortes sobrevivem e desfrutam deste maravilhoso mistério. Não há regras e nem conduta para trilhar este caminho apenas desafios, superações e persistência. Como disseste: "Temos em mãos a possibilidade de nos tornar artistas de nossa própria vida". Parabéns pelo texto.

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  3. É sim meu caro.A vida é um melhor "PRESENTE" que podemos ganhar! Com ela vem varias surpresas e dimensões, onde apenas os fortes sobrevivem e desfrutam deste maravilhoso mistério. Não há regras e nem conduta para trilhar este caminho apenas desafios, superações e persistência. Como disseste: "Temos em mãos a possibilidade de nos tornar artistas de nossa própria vida". Parabéns pelo texto.

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  4. Olá, Tiago
    Saudade de vc...
    Tem "festa" espiritual no Blog pra VC...
    Deus te cubra de bênçãos e te faça feliz!!!
    Abraços fraternos e festivos de paz

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  5. Gostei muito do blog!
    Você me fez lembrar da Aline, da Cidade das Pirâmides, que afirma: “! O mal que está no mundo, está no homem e a natureza responde como um reflexo”. Ela apresenta um programa muito legal: De Olho no Mundo que fala da Força da Natureza
    http://youtu.be/DyBfKecIDnY Acredito que gostará do programa!. Abraços.

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